BIOLOGIA - HERPETOLOGIA

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AMOR À VIDA E AOS RÉPTEIS
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domingo, 25 de novembro de 2012

Biólogo da USP, Luiz Henrique Pedrosa, é o encantador de serpentes do mundo moderno.

Biólogo Luiz Henrique Pedrosa já levou picada de jararaca, mas fora do serpentário da USP

José Manuel Lourenço

A fala mansa com um falso sotaque mineiro e o jeito tranquilo do biólogo Luiz Henrique Pedrosa, natural de Mococa, nem de longe antecipam o que faz para ganhar a vida. Há 27 anos na Faculdade de Medicina de Ribeirão da Universidade de São Paulo, ele é o responsável pelo serpentário da USP.
Trabalha diariamente com cerca de 250 cobras, sobretudo cascavéis e jararacas, répteis cujas picadas podem causar a morte de forma extremamente dolorosa. Tem com elas uma relação de carinho e respeito que a maioria das pessoas nem de longe deseja ou sonha ter. É um encantador de serpentes dos tempos modernos, mas também o provedor de uma matéria-prima vital para pesquisas na área da Toxicologia.
Nas três décadas dessa estranha e perigosa convivência, ele garante ter sido picado somente uma vez. Mesmo assim, fora do serviço. "Estava em casa quando apareceu uma pessoa com um saco e uma jararaca dentro. Quando fui pegá-la, a boca do saco estava meio solta e ela me picou", conta. Sobreviveu, mas ficou quatro dias no hospital.
Apesar do susto, não ficaram maiores sequelas do ocorrido. Pelo contrário. "Não trocaria este emprego por nada. Sou completamente apaixonado por cobras", revela.
A paixão por um dos animais mais temidos e odiados pelos seres humanos começou cedo, aos oito anos, quando já levava para casa cobras para exames mais detalhados. Quase sempre levava os pais à loucura e entre um e outro puxão de orelhas, a ligação com os répteis permaneceu. "Acho que esse foi o principal motivo que me fez ir para a Biologia", conta.
Pesquisa
O outro é menos pessoal, mas igualmente importante. A principal atividade do serpentário da USP é coletar o veneno das quase três centenas de exemplares, que depois será utilizado nas várias áreas de pesquisa da universidade.
O local de trabalho de Luiz Henrique é uma casa localizada no Biotério. O serpentário fica numa sala com quinze metros de comprimento por dois de largura, com telas em todas as janelas e somente uma saída. A temperatura interna fica entre 27 e 28º C.
Caixas numeradas abrigam as serpentes. Uma das ocupantes da caixa 131 foi a que picou Luiz Henrique. As moradoras do serpentário são alimentadas a cada 15 dias, geralmente com pequenos ratos. As coletas são feitas a cada cinco semanas e a quantidade de veneno obtida depende do tamanho do animal e da espécie. Em média, as cascavéis produzem cerca de 20 miligramas por extração e as jararacas em torno de 50 miligramas. Os venenos são coletados em placas de Petri e depois secos sob vácuo, podendo assim ser estocados em geladeira por vários anos sem perder suas propriedades.
Longevidade
As cobras têm longevidade de cerca de 30 anos, o que significa que muitas delas passaram a vida ao lado de Luiz Henrique. Será que elas já o reconhecem? "Não posso dizer que sabem que eu sou, mas pode ser que elas já reconheçam o cheiro, o timbre da voz. O que eu sei é que elas ficam mais dóceis quando chego", conta.
Dóceis, com certeza, é um adjetivo que pouca gente poderia associar a uma cobra. "É verdade, são animais dóceis, mas com os quais devemos ter muita atenção. Afinal, um acidente com elas pode ser o último das nossas vidas", complementa.
Nesses 30 anos de convivência diária com as cobras, uma foi especial. "Havia uma jararacuçu da qual gostava muito. Ela acabou morrendo de velhice. Foi muito triste", revela. Definitivamente, Luiz Henrique Pedrosa não é uma pessoa normal. Ou é? "Pensando bem, acho que não. Mas gosto muito do que faço, sobretudo por ver que o meu trabalho aqui pode ajudar a salvar muitas vidas", completa.
Veneno da jararaca salva hipertensos
Uma das pesquisas brasileiras mais conhecidas envolvendo o uso de veneno de cobra foi feita na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo e culminou com a criação de um remédio que fatura cerca de US$ 5 bilhões/ano e atende a milhões de hipertensos.
O remédio chama-se Captropil e foi desenvolvido entre o final da década de 1960 e a de 1970 pelo pesquisador Sérgio Henrique Ferreira, hoje aposentado da USP.  As pesquisas lideradas por ele envolveram o veneno de jararaca.
O pesquisador descobriu e isolou toxinas encontradas no veneno - chamadas peptídeos potenciadores de bradicina (BPP) -, que causavam hipotensão. Posteriormente, Ferreira e o pesquisador inglês John Vane (vencedor do Prêmio Nobel de Medicina) conseguiram criar um protótipo molecular das BPPs, que foi cedido a um laboratório norte-americano em troca do financiamento de novas pesquisas.
As cobras do serpentário da USP são usadas exatamente no desenvolvimento de estudos sobre os tipos de veneno que produzem e suas possíveis aplicações em novos fármacos. 

PESQUISA DIZ QUE GRILOS E MAMÍFEROS TÊM SISTEMA AUDITIVO PARECIDOS.

A descoberta de um órgão auditivo não identificado anteriormente no ouvido de grilos da América do Sul pode ajudar nas pesquisas de sensores acústicos, incluindo tratamentos médicos.
Os grilos que vivem no Parque Nacional Gorgona, uma ilha do oceano Pacífico localizada na costa da Colômbia, têm uma vesícula auditiva, em formato de caracol, que transforma a energia acústica das ondas sonoras em energia mecânica, hidráulica e eletroquímica.
Nos mamíferos, esse papel é desempenhado por três ossinhos do ouvido médio (martelo, bigorna e estribo) e pela cóclea.



Copiphora gorgonensis, grilo do Parque Natural Nacional Gorgona, na Colômbia
Copiphora gorgonensis, grilo do Parque Natural Nacional Gorgona, na Colômbia
A pesquisa, com os resultados dos estudos sobre grilos da espécie Copiphora gorgonensis, será divulgada na edição desta sexta-feira (16) da revista "Science".
Os resultados do estudo, feito nas universidades de Bristol e Lincoln, no Reino Unido, são a peça que faltava no quebra-cabeça para compreender o processo de transformação de energia nos ouvidos desses animais.
Os autores do estudo também concluíram que o sistema de audição dos insetos, em três etapas, é mais parecido com o dos mamíferos do que se imaginava.
Nos mamíferos, as ondas sonoras fazem o tímpano vibrar. Depois, os três ossículos amplificam as vibrações, o que faz com que elas viajem através de um fluido na cóclea.
Por fim, células ciliadas do ouvido interno convertem as ondas sonoras em impulsos elétricos, que transportam a informação para o cérebro.
No caso dos insetos, não se sabia como os vários órgãos se conectam para permitir que os bichos ouçam.
Preenchida por um fluido, a vesícula auditiva dos insetos contém uma rede de receptores sensoriais. Os cientistas acreditavam antes que só os vertebrados tinham um processo tão eficiente de conversão de vibrações sonoras.
EVOLUÇÃO CONVERGENTE
A descoberta das semelhanças entre os sistemas auditivos surpreende principalmente pelas diferenças entre os organismos de insetos e mamíferos e seus processos de evolução.
As quatro "orelhas" dos grilos estudados, por exemplo, ficam localizadas nas duas patas dianteiras e são partes minúsculas de seus órgãos auditivos. Elas podem detectar sons a longas distâncias.
O estudo pode ajudar na criação de novas tecnologias em pesquisas sobre sensores acústicos, já que, assim como os humanos, os grilos também têm uma audição muito sensível.
O conhecimento sobre esse nível de sofisticação e funcionalidade da audição do inseto deverá ser útil para a engenharia de sistemas bioinspirados.
O principal responsável pela descoberta, Fernando Montealegre-Zapata, cresceu na Colômbia e, muito cedo, desenvolveu interesse em insetos, especialmente grilos. Ele decidiu estudar entomologia e focou seus trabalhos em acústica, biomecânica e biologia sensorial.
"As descobertas mudam nossa visão sobre a audição dos insetos. Temos certeza de que a hipersensibilidade auditiva da espécie vem da vesícula que detectamos", afirmou Montealegre-Zapata.
Para outro pesquisador da equipe, Daniel Robert, ter uma audição aguçada, no caso dos grilos colombianos, pode significar a diferença entre a vida e a morte.
"Na cacofonia de seu ambiente de floresta tropical, é crucial para esses bichos distinguir entre um coro de sons de insetos e os ultrassons dos morcegos que os caçam", disse. 

FONTE: JOELMIR TAVARES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

 

PASSARINHOS FICAM BÊBADOS AO COMER FRUTAS FERMENTADAS

Doze corpos de melros-pretos encontrados em uma escola na Inglaterra deixaram pesquisadores intrigados.
Um único exemplar sobrevivente da pequena mortandade tinha sintomas estranhos: não conseguia se manter em pé sem se apoiar nas asas.
Para esclarecer as mortes, exames foram feitos nos cadáveres. Os testes não encontraram infecções nos bichos, mas frutos de sorveira, uma árvore que dá frutinhas vermelhas, estavam no estômago dos passarinhos pretos.

Creative Commons
Melro-preto, pássaro da espécie atingida pela mortandade causada por embriaguez
Melro-preto, pássaro da espécie atingida pela mortandade causada por embriaguez
Os frutos estavam fermentados, e foi encontrado álcool nos tecidos de um dos três cadáveres analisados. O pássaro sobrevivente com sintomas de embriaguez se recuperou depois de dois dias.
Segundo o artigo publicado na revista "Veterinary Record", os bichos podem ter sofrido fraturas ao cair das árvores ou colidir uns com os outros por causa da embriaguez, o que levou à morte de parte deles.
Fenômeno similar já havia sido observado com outras espécies de pássaro, como o tordo-ruivo, e também com outros animais, como orangotangos, que acabam intoxicados após comer frutas maduras demais. 

FONTE: JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO

GEORGE SOLITÁRIO NÃO ERA O ÚLTIMO EXEMPLAR DAS TARTARUGAS DE GALÁPAGOS

A morte, há cinco meses, de George Solitário, uma tartaruga gigante das ilhas Galápagos, não representou a extinção de sua espécie, como se acreditava, revelou um estudo que descobriu genes deste exemplar em 17 indivíduos, informou esta quarta-feira a direção da reserva natural equatoriana.
Thomas H. Fritts - 24.jun.12/Efe
George Solitário, que morreu há cinco meses
George Solitário, que morreu há cinco meses
      A morte do quelônio, em 24 de junho, "não representa o fim da espécie de tartarugas gigantes ('Chelonoidis abingdonii') da ilha Pinta", de onde era originário Jorge, destacou a Direção do Parque Nacional de Galápagos (DNPG), em um comunicado.
      Segundo o informe, uma pesquisa realizada em conjunto com a universidade americana de Yale "demonstra a existência de 17 tartarugas com ascendência da ilha Pinta, que habitam o vulcão Wolf, da ilha Isabela"."O estudo identificou nove fêmeas, três machos e cinco jovens com genes da espécie de tartarugas gigantes da ilha Pinta, depois de analisar mais de 1.600 amostras coletadas no ano 2008 no vulcão Wolf", destacou a DNPG.
      De acordo com os cientistas, a "descoberta marca o primeiro passo rumo à recuperação da espécie 'Chelonidis abingdonii', por meio de um programa de reprodução e criação em cativeiro, opção que é avaliada pela DPNG".
      George, uma tartaruga centenária, era considerado o último representante de sua espécie e sua morte por causas naturais ocorreu após décadas de esforços científicos para conseguir a sua reprodução 

FONTE: FRANCE PRESSE